quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O Cais


Naquele nevoeiro
Profundo profundo...
Amigo ou amiga,
Quem é que me espera?

Quem é que me espera,
Que ainda me ama,
Parado na beira
Do cais do Outro Mundo?

Amigo ou amiga
Que olhe tão fundo
Tão fundo em meus olhos
E nada me diga...

Que rosto esquecido...
ou radiante face
Puro sorriso
De algum novo amor?!


[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]





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sábado, fevereiro 03, 2007

Boca da Noite

No espelho roto das poças dágua

O céu entristece...

Jesus Cristo encontrou o Menino Jesus.

Houve uma leve hesitação no ar...

Hove, de fato, qualquer cousa no ar...

Meu amigo morto me pediu um cigarro.

Que seria que aconteceu?

Todas as vitrinas de repente iluminaram-se...

E há uma estrela morta em cada poça dágua...



[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]




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sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Depois

Nem a coluna truncada:
Vento.
Vento escorrendo cores.
Cor dos poentes nas vidraças.
Cor das tristes madrugadas.
Cor da boca...
Cor das tranças...
Ah,
Das tranças avoando loucas
Sob sonoras arcadas...
Cor dos olhos...
Cor das saias
Rodadas...
E a concha branca da orelha
Na imensa praia
Do tempo.



[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]




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