segunda-feira, dezembro 18, 2006

Noturno

Não sei por que, sorri de repente

E um gosto de estrela me veio na boca...

Eu penso em ti, em Deus, nas voltas inumeráveis que fazem os caminhos...

Em Deus, em ti, de novo...

Tua ternura tão simples...

Eu queria, não sei por que, sair correndo descalço pela noite imensa

E o vento da madrugada me encontraria morto junto de um arroio,

Com os cabelos e a fronte mergulhados na água límpida...

Mergulhados na água límpida, cantante e fresca de um arroio!




[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]



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terça-feira, dezembro 05, 2006

A Pálpebras Estão Descidas

As pálpebras estão descidas
E as mãos em cruz sobre o peito...
Mas quem é que pisa em vidros?
Quem estala os dedos no ar?
As pálpebras estão descidas.
Não mastigues folhas secas!
Não mastigues folhas secas,
Que te pode fazer mal...
- Quem é que canta no mar? ?
As mãos repousam no peito.
E eu quero ver se bem cedo
Pescam meu corpo em Xangai.



[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]



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